segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Horizontes de esperança


São muitos os desafios da Educação no mundo de hoje. Embora haja quem reflita que “ninguém educa ninguém”, partimos de um pressuposto contrário para nos questionar: o que seria essa função de educar e de ser educador numa sociedade global e plural onde as novidades e os desafios são prementes? Esse questionamento cabe mais ainda a quem se caracteriza como educador/a de fé encarnada na vida concreta, na realidade escolar e na pastoral.

por Reinaldo João de Oliveira
{Coordenador de Pastoral * Colégio São José}

Horizontes de esperança 
Urge ao educador saber ensinar como viver em meio aos desejos de ser e de ter mais; e os sintomas desta sociedade que torna o ser humano propenso ao isolamento-fechamento, com os medos modernos e os riscos gerados por situações de insegurança quanto ao outro (que se tornou uma ameaça). A violência que se apresenta e assusta, a corrupção que extrapola as bases da ética, o querer tirar vantagem em tudo, sem um mínimo bom-senso de uma convivência cidadã... Enfim, são muitos os ditames de uma sociedade voraz pelos ‘valores modernos exacerbados’, além das inovações que tornam o cenário cada vez mais competitivo em detrimento ao trabalho, renda e a subsistência, além das novas conquistas no campo das ciências, especialmente da tecnologia e da informação. A Educação deve suprir a tudo? Evidente que não precisa dar respostas, mas com certeza precisa ajudar a pensar, refletir, meditar e, mais ainda: ensinar a viver.

Neste clima de final de ano, constantemente ano a ano, aparece sempre, uma luz que nos guia como alerta para a busca de mirar uma educação integrada, como Esperança. Essa luz se chama Jesus, que continua se encarnar nas oportunidades que tocam especialmente educadores/as cristãos/ãs, numa sociedade não humanizada, e muito menos humanizadora.
Meditemos a Palavra de Deus na perspectiva da Educação: que caminhos nos são apontados? Qual o caminho de Jesus? Podemos ler no Evangelho de São João capítulo 6, versículo 68.

O que o texto do Evangelho de João nos ensina?
Fato é que Jesus não se preocupava com o número de seguidores em seus caminhos. Tanto que num certo momento ele questionou sobre isso, quando Ele dizia que o caminho era estreito, a multidão ao ouvi-lo, deixaram-no falando e foram embora... e muitos dos seus discípulos, ouvindo suas palavras, disseram: “Duro é este discurso; quem o pode ouvir?”. Então, olhando para os seus, disse-lhes Jesus: “Vocês também querem ir embora?” Ou seja, interpretando as palavras de Jesus: “Eu lhes ensinei o caminho do reino dos céus. Vocês vão desistir também como esses que viraram as costas?” E Pedro manifestou-se dizendo: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna”.

Notemos que algumas pessoas na direção de uma organização tentam deixar o caminho sempre um pouco mais largo porque temem afastar as pessoas, pensando mais em números (quantidade) do que propriamente em qualidade. Lembremos, se quisermos ser fiéis seguidores/as no Pastoreio de Jesus, que o caminho para o céu é estreito.
E, muitas vezes, o anuncio de Jesus parece uma palavra dura, e que a multidão toma como um fardo pesado... Só que na verdade o julgo que Jesus dá para as pessoas é suave, e o fardo é leve, só que as pessoas querem um fardo mais leve ainda, querem facilidades para entrar no reino dos céus.
Lembremo-nos que é Ele, Jesus, quem nos capacita na missão, no serviço, autêntico e verdadeiro. Por isso, o processo é lento, cuidadoso, de observação, acompanhamento e de sincera entrega, análise, e continuidade na ação pensada (práxis).

Para uma Educação à serviço da Vida
Enquanto educadores/as cristãos/ãs não devemos nos permitir aplicar ensinamentos sem vivenciarmos os valores do Reino anunciados por Jesus e nem reduzir a Escola à um espaço de simples reprodução fácil. Estejamos atentos/as em levar sempre em conta a pessoa humana, amada e criada por Deus como um projeto de amor.


Antes de formar você no ventre de sua mãe, eu o conheci; antes que você fosse dado à luz, eu o consagrei...
(Jeremias 1,5)

A ação dos cristãos/ãs, na especificidade da ação Católica e “para além da Escola...” deve guiar-se para uma educação libertadora (proposta da II CELAM, Medellín, 1968).
Um serviço de apostolado na construção do Reino de Deus que é de justiça, de amor e de paz.
Precisamos ter um olhar de esperança para servir e, no servir, mudar a realidade, nossos próprios paradigmas e todos os outros passos dados em outras direções.

Que as sementes do hoje se traduzam em frutos de esperança na justiça, paz, alegria e muito amor para todas nossas famílias!
Um abençoado Natal a todos e um Ano Novo Pleno de realizações!

Fraternalmente:
Reinaldo João de Oliveira

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

A Educação com afeto na pedagogia do amor


No caminho da sistematização sobre nossas práticas pedagógicas e pastorais, realizamos alguns encontros, em forma de bate-papo, debatendo em nosso programa de rádio cujo lema é a “Educação, serviço à Vida”.
Recentemente tivemos a oportunidade de pautar aquilo que faz parte do cotidiano no Colégio São José, o aspecto da “Educação no Afeto”, com o enfoque dado pela Pedagogia do Amor. Assim, durante as entrevistas que realizamos, frisamos alguns estudos e reflexões nessa área, fundamentados em bases teóricas sérias, que perpassa desde a psicologia transpessoal à inteligência emocional.

Enquanto aplica-se à pedagogia, alguns autores afirmam que desenvolver isso significa alterar as práticas de sala de aula incentivando a afetividade na relação de educandos e educadores e entre seus pares, com o objetivo de criar um ambiente de bem-estar na escola que busca melhorar o ensino-aprendizagem.
É fato que nossa escola acredita na força que move a ação humana para um fecundo aprendizado, o amor. Por conseguinte, há muitos críticos que não endossam essa prática, dizendo-se construtivistas, embora na prática Piaget não fora ainda entendido por estes e nem sua teoria.
Desconhecendo o caráter deste embasamento, que não se reflete em qualquer ambiente escolar, há quem não crê nesta forma de educação, estruturante e libertadora, e atribui à “pedagogia do afeto” uma aplicação simplista, pouco a ver com sua matriz teórica.

Usar por usar certa definição para reforçar uma ideia difusa não tem sentido algum. Por isso, na prática, a educação tem esse papel transformador na vida de quem aprende ensinando e ensina aprendendo, com afeto e uma relação pessoal. Educadores amigos e ambientes agradáveis são sempre buscas e projetos que deveriam ser aplicados na escola. Mas, como poderíamos medir o amor ou sua forma de aplicação? Neste aspecto, é impossível dizer se funciona ou não.
Nossa prática busca centrar-se na pessoa humana e, por isso, não devemos desprezar a condição que esta pessoa nos vem. Portanto, a sensibilização (pelo afeto) se constitui também como uma importante ferramenta para fundamentarmos nosso trabalho enquanto educadores/as para além da própria escola, para a vida.
Mas, o que estamos querendo afirmar? O afeto não é um utilitário que serve como um antídoto ao fracasso da formação escolar no sentido de transmitir conhecimentos da cultura universal e desenvolver o raciocínio analítico e a curiosidade dos educandos. Não se justifica a crítica que o fracasso técnico pode ser resolvido apenas com amor, ou que se esconderia camuflado em uma causa nobre de dar e receber afeto. A prática pedagógica, neste sentido, é o estímulo, junto com o ambiente adequado.

Escola, Igreja e família devem persistir em formar cidadãos, diferentemente do que a grande mídia e a publicidade fazem ao formar consumistas. Pois, segundo reflete Frei Betto como grande educador, referindo-se a este sistema de mídia:

“o sistema quer formar consumistas. Daí porque muitos jovens hoje estão fixados em quatro ‘valores’: poder, dinheiro, beleza e fama. Quanto maior a ambição, maior o buraco no coração. E quanto maior o buraco no coração, maior o número de farmácias em cada esquina, para tentar cobrir a frustração. Estamos indo para a barbárie, se continuar predominando como paradigma dessa pós-modernidade incipiente que estamos entrando, o mercado, a mercantilização de todas as dimensões da vida”.


Não podemos ser maniqueístas ao pensar que com o afeto, ou o amor, estaríamos alienando o/a educando/a... antes disso, o/a educador/a deve também preparar o terreno na mente e no coração do educando/a para transmitir o conhecimento e auxiliá-lo no seu desenvolvimento integral.

O Ensino não pode alienar as mentes, mesmo ao pretender formar o "cidadão crítico e consciente". Ou seja: a pessoa pode aprender desenvolvendo bons hábitos, educada para o bem comum, para os valores humanos, cristãos, cidadãos e é possível fazer isso criando um ambiente amoroso em sala de aula.
Nossa missão deve ser muito bem compreendida tanto pelo/a educador/a quanto pelo/a educando/a no sentido de haver colaboração e não uma “doutrinação”. Sim, precisamos ainda crescer e melhorar muito, mas seguimos numa boa direção. Já colhemos muitos bons frutos de educandos/as que passaram pelo Colégio e continuaremos a semear.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

A importância da Pastoral na Educação


Promover a Pastoral na Educação tem sido cada vez mais importante no que merece particular atenção devido às exigências sempre maiores da formação para os valores em nossa sociedade. Primeiramente, pelo caráter de reflexão e ação, próprios dessa dimensão, onde o educador cristão pode descobrir formas de evangelizar através de processos educativos. É também necessário considerar que o compromisso com a educação transcende os limites da escola. A reflexão apóia-se com as práticas, ou vivências, nas múltiplas formas de educar, de modo particular nos projetos de reeducação dos próprios educandos e também dos educadores.
 
Em nosso jeito próprio e complementar da Pastoral, Rubem Alves acrescenta:




lembrem-se de que vocês [educadores] são pastores da alegria, e que a responsabilidade primeira de cada um/a é definida por um rosto que lhe faz um pedido: ‘Por favor, me ajude a ser feliz...”
(in: A alegria de ensinar. 3. ed.São Paulo: Ars Poética,1994.)


A ação Pastoral na Educação é uma forma de presença evangelizadora da Igreja no mundo da escola, possibilitando, por meio de processos pastorais e pedagógicos, dinâmicos e criativos, o encontro das pessoas com os valores do Reino de Deus. Logo, trata-se de uma reflexão e ação conjunta que questiona criticamente, à luz dos valores evangélicos, a Educação em si, os processos educativos e as estruturas das instituições e movimentos de Educação, bem como a vida e ação dos educadores: pais, professores, comunicadores, formadores de opinião e outras pessoas que influenciam direta e indiretamente a formação humana. Isso tem uma outra definição, e complementa-se na base do corpo escolar, em termos de práxis.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

"A missão de Educar na Fé para a Vida"


Meditemos na seguinte frase:

Nenhuma criatura será capaz de nos separar do amor de Deus por nós, manifestado em Jesus, nosso Senhor.



Assim escreveu Paulo em sua Carta aos Romanos 8, 31b-39:

Irmãos:
Se Deus é por nós, quem será contra nós? 
Deus que não poupou seu próprio filho, mas o entregou por todos nós, como não nos daria tudo junto com ele? 
Quem acusará os escolhidos de Deus? 
Deus, que os declara justos? Quem condenará? 
Jesus Cristo, que morreu, mais ainda, que ressuscitou, e está, à direita de Deus, intercedendo por nós? 
Quem nos separará do amor de Cristo?
Tribulação? Angústia? Perseguição? Fome? Nudez? Perigo? Espada? 
Pois é assim que está escrito: 'Por tua causa somos entregues à morte, o dia todo; fomos tidos como ovelhas destinadas ao matadouro'. Mas, em tudo isso, somos mais que vencedores, graças àquele que nos amou!
Tenho a certeza que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os poderes celestiais, nem o presente nem o futuro, nem as forças cósmicas, nem a altura, nem a profundeza, nem outra criatura qualquer será capaz de nos separar do amor de Deus por nós, manifestado em Cristo Jesus, nosso Senhor.
 


Em nosso Programa de Rádio, “Educação, Serviço à Vida”, desta Quinta-feira, dia 31 de outubro, refletimos acerca de um importante tema: "A missão de Educar na Fé para a Vida"

A entrevistada deste Programa foi Gerusa Nunes Tanelo (Educadora do Ens. Fundamental no CSJ. Iniciamos uma conversa sobre alguns importantes enfoques: o Seguimento de Jesus (Mestre), com a importância do discipulado (ser discípulo, aprendiz); e também suas experiências feitas no Colégio (entre educadores/as e educandos/as). Aprofundamos exemplos práticos sobre a importância dos valores na família e na escola = complementamos quais os desafios dos pais e mestres na vida cotidiana.


Durante a “entrevista”, ou “Papo de Escola”, comentamos sobre nossas origens familiares e o que nos encanta na Educação. Profª. Gerusa comentou porque “se tornou” professora/educadora e o que mais lhe agrada no seu trabalho. Ficamos ainda para aprofundar em outros momentos quais nossos maiores desafios e projetos na escola.

Lembramos a todos/as educadores/as colegas que é possível encantar-se durante os nossos processos de Formação, enquanto formandos e formadores, no ensinamento de Jesus na Escola da Vida. Neste aspecto, refletimos ouvindo e nos inspirando a partir de outras fontes, com as seguintes músicas:

1ª. Educação Sentimental ~ Kid Abelha = conscientes que precisamos educar também nossos sentimentos para a viver melhor...

2ª. Metamorfose Ambulante ~ Raul Seixas = às vezes nos sentimos uma “Metamorfose ambulante” (Além da nossa própria forma = descaracterizada não apenas física, mas emocional, existencial...); e

3ª. A Alma e a Matéria ~ Marisa Monte = necessitamos permanecer ligados/as e não divididos, a partir do que nos integra como pessoas humanas, na essência (Alma e Matéria): espiritual, material, carnal, biológico...


Neste momento de Espiritualidade, oramos à Deus, com Santa Paulina, pedindo as graças, por sua intercessão junto à Jesus:

Ó Santa Paulina, que puseste toda confiança no Pai e em Jesus, e que, inspirada por Maria, decidiste ajudar o povo sofrido, nós te confiamos a Igreja que tanto amas, nossas vidas, nossas famílias, a Vida Consagrada e todo o povo de Deus.
(Momento de pedir por uma graça...)

Santa Paulina, intercede por nós junto a Jesus, a fim de que tenhamos a coragem de lutar sempre na conquista de um mundo mais humano, justo e fraterno. Amém.

Demos Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo!



terça-feira, 8 de outubro de 2013

Na missão, Jesus nos aponta caminhos...


No caminho da Missão, Jesus visita Maria e Marta
(Lc 10,38-42)

Jesus entrou num povoado, e uma mulher, de nome Marta, o recebeu em sua casa.

Ela tinha uma irmã, Maria, a qual se sentou aos pés do Senhor e escutava a sua palavra. Marta, porém, estava ocupada com os muitos afazeres da casa.

Ela aproximou-se e disse:Senhor, não te importas que minha irmã me deixe sozinha com todo o serviço? Manda pois que ela venha me ajudar! O Senhor, porém, lhe respondeu: Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada com muitas coisas. No entanto, uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada”.



Mês Missionário = caminhando com Jesus


·        Contribuições da reflexão de Pe. Marcelo Gualberto Monteiro
- secretário nacional da Pontifícia Obra da Propagação da Fé.

Tema:
Juventude em Missão.

Lema:
“A quem eu te enviar, irás”
(Jr. 1, 7b)


Mais um Mês Missionário. Como é bonito ver toda a Igreja refletindo sobre a juventude. Uma primavera missionária e juvenil nos leva a acreditar em uma juventude protagonista da missão pelos quatro cantos do mundo. Com o tema “Juventude em Missão”, as Pontifícias Obras Missionárias (POM), juntamente com toda a Igreja, apresentam uma proposta de reflexão missionária para vivenciar o Mês das Missões 2013.
Você sabe o que é o Dia Mundial das Missões?
Segundo as palavras de Paulo VI, é: “Genial intuição de Pio XI”. “Um grande acontecimento na vida da Igreja”. “Uma oportunidade de fazer sentir a vocação missionária à Igreja, aos nossos irmãos no episcopado, ao clero, aos religiosos e religiosas e a todos os católicos”. “Uma poderosa e insubstituível ajuda às missões”. “Um afervoramento da fé tanto nas Igrejas de antiga fundação, como nas jovens Igrejas”. “O grande dia da catolicidade”. E João Paulo II afirma: “Exorto todas as Igrejas e os pastores, os sacerdotes, os religiosos e os fiéis, a se abrirem à universalidade da Igreja, evitando toda a forma de particularismo, exclusivismo, ou qualquer sentimento de auto-suficiência” (RMi 85). O Dia Mundial das Missões é viver juntos, fraternalmente e sem fronteiras, a alegria de ser filhos de Deus com um real universalismo missionário em colaboração intensa e espiritual e generosa ajuda material.

Mas afinal, como surgiu o Dia Mundial das Missões?
O Dia Mundial das Missões nasceu de um clima muito favorável à causa missionária. No ano de 1922 foi eleito Papa o Cardeal-arcebispo de Milão, Aquiles Ratti, que tomou o nome de Pio XI. Seu ardor missionário era, por todos, conhecido e, por isso mesmo, esperava-se dele um grande impulso à missão.
Logo no início de seu pontificado nomeou o primeiro bispo indígena, Mons. Roche, inaugurando, assim, uma série de prelados nativos de rito latino no século XX.
Neste mesmo ano celebrava-se o primeiro centenário da fundação da Obra Missionária da Propagação da Fé. Pio XI declarou-a Pontifícia, junto com a Obra da Infância Missionária e a de São Pedro Apóstolo, confirmando-as e recomendando-as como instrumentos principais e oficiais da cooperação missionária de toda a Igreja católica.

No Ano Santo de 1925 abriu, no Vaticano, uma esplêndida exposição missionária mundial. No ano seguinte (1926) publicou uma Encíclica sobre as missões, “Rerum Ecclesiae”, na qual reafirma a importância e os objetivos missionários programados no início de seu pontificado. Nesse mesmo ano consagrou os seis primeiros bispos chineses.
Oficialmente o Dia Mundial das Missões foi instituído em 14 de abril de 1926, pelo papa Pio XI a pedido do Conselho Superior Geral da Pontifícia Obra da Propagação da Fé.

Fato interessante: Pio XI fez um gesto surpreendente uns anos antes de instituir o Dia Mundial das Missões: Na festa de Pentecostes de 1922, ano em que foi eleito Papa, interrompeu sua homilia e, em meio a impressionante silêncio, tomou seu solidéu e fez passar entre a multidão de bispos, presbíteros e fiéis na Basílica de São Pedro, enquanto pedia a toda a Igreja ajuda para as missões.
No Brasil há mais de 40 anos as POM promovem a Campanha Missionária, celebrada no mês de outubro, destacando o Dia Mundial das Missões (no penúltimo domingo do mês). É uma jornada de fé, uma festa de catolicidade e solidariedade em favor da missão universal da Igreja. É para os cristãos de todo o mundo um renovado convite para agradecer a Deus o dom da fé e um apelo à corresponsabilidade na evangelização hoje e sempre, aqui e em todo o mundo.
No Brasil, as POM sempre elaboram subsídios missionários para serem trabalhado no mês de outubro pelas paróquias e comunidades de todo o país.
O tema gerador normalmente segue a Campanha da Fraternidade do ano corrente elaborado pela CNBB dando a ênfase ao caráter missionário universal do tema, porém nos anos em que acontecem os Congressos Missionários Nacionais, Americanos e Latino-Americanos (CAM – Comlas), a Campanha segue o tema dos Congressos.
Estamos vivendo ainda o ecoar da CF 2013, da Semana Missionária e da JMJ Rio 2013 ambos tendo a juventude no centro de reflexão. Em continuidade a essa proposta, também a Campanha Missionária 2013 destaca a juventude ampliando a temática na perspectiva da missão universal.

Por que Juventude em Missão? Porque não é agora que os jovens serão missionários, mas por que eles fazem parte do processo missionário em curso. O “em” denota continuidade, são os jovens que devem continuar uma caminhada missionária, porém com o foco no mundo e não apenas em nossas comunidades, paróquias ou dioceses.
Com o lema: A quem eu te enviar, irás (Jr. 1, 7b) queremos continuar a reflexão da CF 2013 que vê em Isaías, um jovem profeta que se pôs a disposição de Deus para a missão, mesmo se sentindo pequeno demais para tal confiança, “Eis-me aqui, envia-me” (Is. 6, 8).
Suponhamos que, como o profeta Isaías, a nossa juventude disse sim à missão, mas este sim é para onde? Aí entra a proposta da Campanha Missionária 2013 em sintonia, claro, com a JMJ Rio 2013: “A quem eu te enviar, irás” (Jr 1, 7b) a todo o mundo não só ao meu grupo, minha comunidade, “Ide e fazei discípulos a todos os povos”, (Mt. 12, 8).

Queremos que não só os jovens em idade, mas os jovens em espírito, como nos diz o papa Francisco: “Todo aquele que tem Cristo no coração é jovem”, possa olhar para realidade do mundo, a necessidade da Igreja no mundo, conforme ele próprio ressalta em sua Mensagem para o Dia Mundial das Missões 2013: “Cada comunidade é, portanto, chamada e convidada a fazer próprio o mandato confiado aos apóstolos de serem suas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e Samaria e até os extremos da terra (At 1, 8), não como aspecto secundário da vida cristã, mas como um aspecto essencial: somos todos enviados nas estradas do mundo para caminhar com os irmãos, professando e testemunhando a nossa fé em Cristo e nos tornando anunciadores de seu Evangelho”.
Para isso as POM, encarregadas no mundo, de animar o Dia Mundial das Missões no penúltimo fim de semana de outubro, preparam subsídios para esta conscientização missionária: Novena Missionária que inclui, a Mensagem do papa para o Dia Mundial das Missões, preces Missionária para cada domingo do mês de outubro, o DVD com testemunhos missionários, o cartaz e o envelope para a oferta. Todo material é distribuído a todas as paróquias do Brasil e pode também ser encontrado gratuitamente pelo seguinte site:
www.pom.org.br

Portanto, que esta juventude brasileira bem como toda Igreja do Brasil, animada pela JMJ Rio 2013, possa fazer valer todo o esforço que fez para participar daquele grande evento, e inicie de fato, a missão. Na JMJ Rio 2013 fomos enviados pelo Papa Francisco para sermos apóstolos, testemunhas daquilo que vimos e ouvimos nos mais diversos areópagos espalhados pelos rincões deste mundo. Que em nossa missão, sejamos sempre acompanhados pelos Padroeiros universais das Missões, Santa Terezinha do Menino Jesus e São Francisco Xavier.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Mês da Bíblia: no caminho da Pastoral



Compilação de textos, imagens e reflexões partilhadas pela Rede, com auxílio nas reflexões de Dom Orlando Brandes (arcebispo de Londrina-PR).


Vivemos um momento todo especial para nossa vida cristã, de filhos e filhas de Deus, que é o mês da Palavra de Deus revelada nas Sagradas Escrituras.
Bíblia é um termo que simboliza uma compilação de vários textos chamados de canônicos (oficiais) pela nossa santa mãe Igreja. Por isso, somos convidados/as na animação pastoral em nossa vida pessoal, familiar, escolar e em sociedade.


ANIMAÇÃO BÍBLICA NA VIDA DA IGREJA
A CNBB lançou o Documento 97 cujo título é: “Discípulos e Servidores da Palavra de Deus na missão da Igreja”. Estamos diante de uma proposta bíblica corajosa que chamamos de “Animação Bíblica de toda a vida da Igreja e da Pastoral”. Passamos da “pastoral bíblica” para uma animação bíblica de toda a Igreja. O que se pretende é colocar a Palavra no centro, respeitar sua primazia como alma do nosso ser e agir cristão.

A Palavra deve ser a inspiração, a seiva, o caminho, o alimento da vida sacramental e pastoral, para evitarmos a sacramentalização e o devocionalismo. Para isso precisamos de três experiências com a Palavra, ou seja, formação bíblica, oração bíblica e anúncio da Palavra. É bom recordar a mensagem conclusiva do Sínodo da Palavra (2008) onde se diz que a Palavra tem uma “voz”, isto é, a revelação divina, tem um “rosto” que é Jesus Cristo; tem uma “casa” que é a Igreja e tem um caminho que é a missão.

Grande ênfase é dada à “leitura orante da Bíblia” (Lectio Divina) através da qual acontece um encontro pessoal com Deus, um relacionamento por Jesus Cristo, seu Evangelho e seu reino. Outra oportunidade privilegiada de encontro com a Palavra de Deus é a homilia por ocasião das celebrações litúrgicas. Maior atenção deve ser dada à celebração da Palavra onde não há sacerdotes para celebrar a missa.
Para acontecer a animação bíblica de toda a vida da Igreja, o Documento faz algumas propostas novas, a saber: tornar a Bíblia o livro principal da catequese, realizar um ano bíblico, promover congressos bíblicos, criar comissões bíblicas em todos os setores da Igreja, oferecer subsídios bíblicos, rezar a Liturgias das Horas ou ao menos os salmos com o povo.

A animação bíblica de toda a vida da Igreja deve facilitar o acesso à Bíblia nas famílias, preparar os leitores (ministros da Palavra) realizar retiros bíblicos e ter escola bíblica nas paróquias, fomentar o profetismo e o ecumenismo. Semanas bíblicas, maratonas, dia da Palavra, simpósios, seminários bíblicos e outras criatividades especialmente na internet são bem vindas, como também educar para o silêncio, a escuta e o amor à Palavra.
A dimensão bíblico-social é fundamental para o profetismo, a promoção dos direitos da pessoa, a reconciliação, a paz, a política. Especial atenção deve ser dada aos pobres, migrantes, doentes, defesa do meio ambiente. Os jovens, os encarcerados sejam atraídos a conhecer e viver a Palavra.

Os meios mais comuns para a animação bíblica são os círculos bíblicos, os grupos de reflexão, as CEB’s, os meios de comunicação social, as missões populares. É preciso dar uma dimensão bíblica a todos os eventos celebrativos como: novenas, procissões, romarias, reza do rosário, via-sacra, religiosidade popular, acólitos, infância missionária, movimentos eclesiais. Sem a Palavra a iniciação à vida cristã não acontece. Nos seminários sejam oferecidos, além dos estudos bíblicos, as leituras orantes da Palavra, para que nossos vocacionados adquiram um coração bíblico. Antes de ser mestra do anúncio, a Igreja deve ser “mestra da escuta” da Palavra de Deus.

Percebemos que a CNBB quer alavancar o amor à Palavra de Deus e dar-lhe a primazia que merece. Hoje é ainda muito atual a pergunta: “Que fizeste com minha Palavra” (Bernanos). Em nossos tempos falamos de iniciação cristã, nova evangelização, missão permanente, necessidade do profetismo e do ecumenismo. Para tudo isso acontecer há uma condição: o amor, o conhecimento e a vivência da Palavra de Deus.